Investir ou não investir?
Não estou investindo por que não tenho dinheiro ou não tenho dinheiro porque não estou investindo?
Há vários estudos que mostram que o mercado 2020/2021 será muito competitivo, sendo que a disputa por preço será muito agressiva. Muitos negócios irão optar por trabalhar para não fechar no negativo. Mas o que fazer? Aí aparece a primeira encruzilhada no cotidiano dos nossos executivos. SERÁ QUE:
NÃO DEVO INVESTIR POR QUE NÃO TENHO DINHEIRO? Ou ...
NÃO TENHO DINHEIRO POR QUE NÃO ESTOU INVESTINDO?
Um dos principais reflexos da pandemia no mercado é a busca de clientes para sobrevivência, sendo que a principal estratégia é praticar uma política de preços baixos. Muitas marcas deixam de lado seus posicionamentos de preços baseados em qualidade ou inovação/tecnologia para brigar pela quantidade com margens mínimas para manutenção do negócio.
Conforme pesquisa realizada pela PwC com líderes dos principais setores, 74% dos entrevistados planeja impulsionar o crescimento da receita para os próximos 12 meses, com eficiência operacional. Veja os demais itens da pesquisa:
MAS O QUE ESTES NÚMEROS QUEREM NOS DIZER?
BUSCA POR EFICIÊNCIA E MELHORIA. Os números não têm segredos. Claro que crescimento orgânico e novos produtos ou serviços também são muito importantes. Inclusive devemos ressaltar que o crescimento orgânico não requer muito investimento, mas quando falamos em novos produtos ou serviços há necessidade de realizar investimentos. Porém o foco deve ser eficiência e não devemos nos restringir apenas a manufatura. Devemos avaliar eficiência produtiva e administrativa.
POR QUE NÃO OLHAR PARA EFICIÊNCIA ADMINISTRATIVA TAMBÉM?
Para pensar: o cenário impôs readequação de quadros, aumento de rotatividade, contratação de pessoas com aumento das atividades econômicas, e demais etapas. Esses novos funcionários que estão entrando irão fazer as atividades de alguém que saiu. Quem ficou, NA DÚVIDA, orientará para fazer do jeito que sempre foi feito que não dá problema. Se havia alguma melhoria para busca de eficiência, adivinha ... O novato irá pensar: podia fazer de outra maneira, mas se ficar questionando posso não passar da experiência, então vou fazer como orientaram.
VOLTANDO A ENCRUZILHADA DOS EXECUTIVOS. O QUE FAZER?
Investir. Mas como? O momento talvez não recomende grandes investimentos, como lean manufacturing em toda produção, linha nova de produção enxuta, automação em células produtivas, investimentos em tecnologia e sistemas modernos para transformação digital, pois demandam altos orçamentos que podem sacrificar a geração de caixa. Então o que podemos fazer é VERIFICAR ONDE ESTÃO OS GARGALOS PRODUTIVOS OU ADMINISTRATIVOS E REALIZAR PROJETOS PONTUAIS que requerem valores menos expressivos de investimentos com retornos muito rápidos.
Temos vários cases de projetos pequenos na manufatura ou administração com aumentos significativos na eficiência operacional e consequentes reduções de custos operacionais acima de dois dígitos. Voltando ao título, copiei do comentário de um empresário de sucesso na região durante sua palestra no início de 2018. Ele falava que logo após o processo de impeachment em 2016, estavam perdendo mercado, entrando num processo de queda. Procurou um amigo e este fez a seguinte pergunta: Você não investe porque não tem dinheiro ou não tem dinheiro porque não investe? Conversaram algumas vezes e ele tomou a decisão: investir. Em menos de 6 meses reverteu o processo de queda. Buscou ajuda para trabalhar eficiência com investimentos humildes, mas com retorno rápido, retroalimentando o processo com parte dos resultados obtidos. Criou um ciclo contínuo de melhoria e crescimento do negócio.
E ENTÃO, QUAL CAMINHO DA ENCRUZILHADA QUERO SEGUIR?
Roberto Job é consultor de negócios na Lemon Go e Qualytool Consulting Group. Engenheiro Mecânico com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, pós-graduação em Engenharia Automotiva UCS/USP, pós-graduação em Gestão de Inovação em Produto e Processo e pós-graduação em Gestão de Produção. Especialista em projetos de otimização de produtos, processos produtivos e administrativos. Trabalhou por mais de 20 anos em empresas automotivas nas áreas de Produto e Processos. Possui vasta experiência com gestão de pessoas, gerenciamento de projetos, ferramentas da qualidade, sistema integrados de gestão, auditorias, treinamentos e desenvolvimento de produtos. Também atua como professor em pós-graduação.
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